A palavra “Gostar”, quando proferida, desencadeia-nos sensações agradáveis, como cuidar, carinho ou mimo.
Todos nós, desde de tenra idade, procuramos afetos e relações emocionalmente contentoras.
E quando o verbo “Gostar” é acompanhado da palavra Violência? Realmente, não parece que estes dois conceitos possam formar uma união evolutiva, pois são definições divergentes. Como é eu que posso gostar de alguém e fazer-lhe mal? Estranho!… Como é que se pode demonstrar afetos nobres através da agressividade?
Cada vez mais, esta ideia assume um lugar de destaque. Para muitos, é algo normal num relacionamento entre duas pessoas.
A agressividade e os maus tratos físicos e/ou psicológicos, fazem, cada vez mais, parte do modo de vida de alguns casais, constituindo um problema social vincado.
A violência, definitivamente, não é um ato de amor, exerce unicamente poder sobre o outro, mas nunca perpetua o respeito, pelo contrário, consolida o medo e o terror. Provoca danos irreversíveis na vida de quem é violentado.
Torna-se importante, chamar a atenção para todos os estratos etários, principalmente os mais jovens, que amar e ser amado, engloba respeito e também autonomia.
Não é legitimar condutas abusivas, achando que se vai perder uma relação (que relação?), caso não se obedeça a regras e valores que a maior parte das vezes estão distorcidos.
Cada pessoa tem que ter uma identidade própria, valorizar-se e ter autoestima. Numa relação tem que haver maturidade para resolver as divergências através de comportamentos adequados, refutando e repudiando quaisquer tipos de justificações ou argumentações culturais, que ainda possam sustentar que os comportamentos de violência ainda são uma forma natural de demonstração de afetos nobres.
Dra. Sandra Martins | Psicóloga no Hospital Misericórdia da Mealhada