Exame de Avaliação Respiratória
Importância crescente na infeção pelo novo coronavírus
A avaliação da função pulmonar é de uma forma geral uma componente essencial no exercício clínico da grande maioria das especialidades médicas. São testes simples, fáceis, não invasivos, indolores e não precisam de preparação específica. Sendo reprodutíveis têm um elevado valor preditivo de prognóstico e de sobrevida. De uma forma simplista, estes testes analisam o sopro (quantidade de ar que sai do pulmão), avaliando o fluxo de ar da boca até aos alvéolos pulmonares, e a capacidade que o oxigénio que aí chega tem em entrar na corrente sanguínea. No estudo da função pulmonar a Espirometria é o seu exame base, tendo como objetivo base o estudo da ventilação do pulmão.
Num estudo mais aprofundado devemos recorrer a métodos que avaliam o estudo completo da mecânica ventilatória e assim todos os volumes e capacidades pulmonares. Falamos na Pletismografia. Este método avalia não só débitos aéreos, mas também volumes pulmonares e as resistências das vias aéreas à passagem do ar. A sensibilidade das vias aéreas ainda pode ser estudada usando em complementaridade o estudo da broncomotricidade, usando para tal inalantes com efeito broncodilatador ou broncoconstritor. Quando temos por objetivo avaliar a permeabilidade do pulmão à passagem do oxigénio para a corrente sanguínea, e desta forma também as trocas gososas, recorremos ao estudo da difusão alvéolo-capilar. No Hospital Misericórdia da Mealhada realizamos o estudo da Mecânica Ventilatória pelo método da Pletismografia e em complementariedade o estudo da broncomotricidade (quer por prova de broncodilatação que por prova de provocação inalatória).
As provas de função respiratórias permitem fazer um diagnostico funcional, mas nunca um diagnóstico clínico, no entanto orientam o diagnóstico e o tratamento de doenças respiratórias, doenças essas tão sobejamente conhecidas como a Asma, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, a Fibrose Pulmonar e as Pneumonias. Permitem ainda conhecer as repercussões respiratórias de outras doenças, como doenças cardíacas ou autoimunes, ou de contribuírem para a deteção de doença em indivíduos com fatores de risco conhecidos, como o tabagismo e a exposição profissional a inalantes. São também importantes na avaliação de incapacidades laborais e possibilitam ainda a avaliação do efeito terapêutico em curso para dada patologia respiratória, estando habitualmente o doente a fazer terapia inalatória. No contexto da pandemia pela qual fomos atingidos deparamo-nos com a importância crescente do estudo da função pulmonar, tendo as provas funcionais respiratórias ganho relevo no estudo de sintomas persistentes após infecção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela doença Covid-19, bem como importância no estudo das sequelas pulmonares que este novo coronavírus deixou em alguns doentes. Sendo a função respiratória a função mais importante dos pulmões, fica sem dúvida o diagnóstico e acompanhamento de uma doença respiratória significativamente prejudicado se na sua objetividade não for apoiado pelas técnicas do estudo funcional.